quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

GRATIDÃO

Se em algum tempo foi comum ser grato, esse tempo já não está mais conosco. Os gratos são raros. E por onde anda a gratidão? Procurei nas esquinas e não achei. Andei pelos pátios e não encontrei. Procurei pelas casas e quase não vi. Passei a buscá-la nos lugares reservados.
Bastante provável que gratidão não se encontre em qualquer lugar, mas, ela quem venha ao encontro de quem a quer por perto. Pode ser que seu lugar de descanso seja o de dentro, bem dentro, esse que é o lugar reservado. 
Para ela poder vir à tona, só é possível quando o que há de entulho for retirado. O entulho se acumula como paredes de pedras. Cada pedra poderia ser uma situação. O que fazer com pedras?
Há pedras que são ostensivas, possuem brilho intenso e duram mais do que as pessoas, podem ser eternas, já ouvi falarem até que esse tipo são as melhores amigas, o que não creio. Tenho amigas que não são feitas de pedras, são maleáveis, não são duras.
Há pedras que obstruem. Até dentro do corpo podem se formar, interrompendo o fluxo. Mas, também há pedras que favorecem o fluxo, até se deixam moldar pela água, pelas muitas águas.
As pedras que podem ser movidas não fazem tropeçar. 
Há pedras que poderiam servir de lembrança. Lembranças podem servir de consolo, ou de alerta, só não se apegar. Apagar-se às lembranças pode fazer o que se entrega a elas virar pedra também e ficar tão duro quanto algumas delas são, sem mobilidade. Para o nosso tempo, que é bem curto, as pedras demoram a se mover.
Muitas e variadas são as pedras ao longo do caminho. Importa saber o que fazer com elas.
Creio que foi assim que passei a gostar de pedras, ao saber que são muitas e variadas. 

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