quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

OLHANDO

Reparar, observar, fitar, mirar, olhar ...
Pode ser que olhar seja um ver demorado ...
Na duração do olhar pode estar a intimidade ... 
E, para quê intimidade? 
Aquilo que está dentro, que se move no interior, por vezes só se mostra para o que sabe olhar. Para o que deseja ver, quando se deseja encontrar o profundo e o escondido, o que não está na superfície. Em geral o que se guarda escondido tem muito valor.
Pode-se não ter intento de ter segredo, mas se não há quem olhe o segredo já está.
E o segredo insiste, tem teimosia? ... Talvez dependa do alcance do olhar, pois é por onde entra o desejo de querer estar, ou de ter. 
Mas, o ter não entra na intimidade, por que nem pedir pra entrar pede. 
Acredito que pode-se ter sem querer saber, sem querer olhar, só pra prender e deixar ali, sem se dar conta. 
Talvez por isso, que o que perde atina, atenta para o que perdeu, por não estar mais no alcance do olhar, por não poder entrar. 
Só pode entrar pra quem é dada confiança.
As distrações, as piscadelas, no fugir do olhar poderia perder. O querer tem tantas faces, que por vezes confunde.
Assim, olhar é trama de fita, de saber cuidar e lembrar do valor. E quem é que sabe?
De novo se olha pra ver do que se precisa. Olhar pra si é se dar valor.
Olhar pra si é diferente de querer ter.
A escolha se move no permanecer, prestando atenção nas dobras, fissuras, forames, texturas ... Reparar do que é feito.
O olhar tem seu tempo, pois, ao fixá-lo pode se cristalizar, endurecer. Se fica rígido deixa de ver , ou se olha pra um canto só.
Os olhos que veem, veem. Também tem o corpo todo que vê, ou partes do corpo que aprenderam e que querem saber.
No olhar se vê a si refletido, quer se esteja preso ou livre.
O corpo perto, junto, próximo, dentro, poderia ser tanta mistura até olhar com o olho do outro, um só olhar.
Em tempo de flerte, olhar presente é caro, é raro.