quarta-feira, 25 de junho de 2014

"HABITAR MEU NOME"

Uma das invenções com consequências desastrosas é a ideia de indivíduo. 
Como pudemos acreditar? ... Pensando sobre isso, te parece plausível?
Pensemos juntos, por algum momento: Para haver indivíduo este tem de ser Um, e esse Um tem de ser inviolável, não seria assim? O inviolável não pode se dividir, pois é indivíduo e não "divíduo". De onde tiramos a ideia de que isso tem a ver conosco?
Estamos em tantos e tantos em nós. A divisão parece ser nossa condição primeira, pois as escolhas, ao menos duas, sempre se impõem aos seres de possibilidades diversas, cobrando-nos uma posição. 
A própria ideia de identidade parece ser contrária a de indivíduo. Para se ter um idêntico deve haver no mínimo dois, um igual a si mesmo. Neste sentido, Hegel foi perspicaz, ao trazer à tona a negatividade e expor que o não-ser é também o outro do ser. 
Sobretudo, esse ser é feito de muitos movimentos, movimentos que exigem de violência, movimentos violáveis. 
Ele se desdobra a cada movimento dialético e se revela aparecendo de um outro jeito.
E as implicações que esta falácia do indivíduo traz consigo, então ...
Já ouviu a frase: - "Ninguém tem nada a ver comigo!" 
Como não?! Todos temos a ver com todos, direta ou indiretamente, temos.
Achar ser indivíduo me parece ser a escolha de seguir a ignorante arrogância. Ela sim é uma semente ruim, erva daninha, fermento que leveda toda a massa. 
Mesmo o nome que parece ser individual é habitado por um tempo, e pode ser habitado de novo e de novo. 
Por agora, habito Tiziana, mas espero dividir habitação com Tereza, Rute, Ester, Mônica e tantas outras com as quais me identifico e me sinto um, num "indivíduo" coletivo.