quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

UM DIA MEU PAI ME DISSE ...

Bem assim, num dia comum, mas não trivial, meu pai me disse: Filha, te amo. 
Já havia ouvido, mas dessa vez resolvi perguntar: Por que me ama?
E ele disse: Porque você é minha filha.
Achei que só se pudesse ser amado por função, e quando não existisse mais nenhum atributo benfazejo, o direito do amor se esvaziaria ao poucos, até ficar só a tolerância.
Mas, não é verdade, e só a lente da maturidade pode aumentar os graus do óculos do que quer ver e saber.
O que é seu é também você, e os cuidados se estendem.
Tem horas que parece mais fácil cuidar de outros a que de si, mas também isso não é verdade, pois só se pode cuidar de outros o que cuida também de si, e só cuida quando é seu.
Mas, então, como saber o que é meu?
Onde se pisa, onde se entra é seu. É seu sim. Duvida?
Mas, veja bem, não é seu para possuir, pois possuir é um verbo transitivo, incompleto, que precisa de um complemento para se fazer sentir, para ter sentido.
O verbo cuidar flexiona como amar.
Meu, teu, nosso, também sou eu.
O melhor é alargar as tendas e aumentar as fronteiras para além da função, mas atuar no espaço do pertencimento.
Quem tem o Filho, tem a Vida.
Quem é o Filho e como tê-lo?
Busque e achareis, chame que Ele virá, bata também que se abrirá, pois todo o que busca encontra e o que bate se abre. 
E o que chama? ... Ah!Sim, o que chama ... 
Esse quer estar mais perto o tanto mais que pode estar.