sábado, 24 de maio de 2014

O "SUJEITO DO ESTAR"

Trago comigo a consciência de que, em última análise, traçar linhas que delimitem a forma a um sujeito vivo não é verdadeira, mesmo tendo pretensão de verdade. 
Pois, dar forma seria semelhante a julgar. 
Explico o caminho pelo qual cheguei até aqui ...
Julgar implica não somente em sentenciar. 
Em termos incipientes, há uma estrutura que envolve o juízo, que à princípio é a de descrever a alteridade, o sujeito de estar do outro. Nesta dinâmica, as generalizações parecem servir de modelo para reduzir o tempo de determinação do juízo sobre os particulares. 
Esta estrutura poderia estabelecer critérios do quanto vale e o que merece receber o que está sob judicação, para sentenciar o lugar que há de ficar e por quanto tempo, ou mesmo o que fazer com o que é julgado.
Mas, como saber o tamanho das coisas que se movem? Aonde elas irão caber? Das coisas que se esticam e se encolhem e não param em residência fixa, como prever? Se se pretende rigor ao julgar, um julgamento sem erros, sem equívocos, deveríamos julgar os mortos, não faria mais sentido? Estes não se movem mais, nem podem se arrepender, pois já passou a vida. Mas, aí poderíamos pensar: De que adianta julgar os mortos? Já foram castigados pela privação da vida.
Ao pensar nos mortos, logo pensei que o egoísmo é incompatível com a indeterminação do sujeito vivo, retém tudo para si, e depois não consegue se mover. Pois, impõem limite ao que não está morto, ao que não foi determinado. Que atitude suicida parece ser a do egoísta, escolhe (por vezes sem saber) morrer ao longo do curso da vida ...
Me lembro do que foi dito: "Se amar tua vida irá perdê-la". Faz sentido.
Foi caminhando por aqui que me aproximei do "Estar" do Sujeito, do estar sujeito. Aprendendo também que "ser" não é o mesmo que "sujeito", mas este é outro assunto.
Lewis Carol, bem que sabia, que cada pílula que escolhemos tomar tem seu efeito, em que se pode esticar e passar a estar GRANDE ou mesmo encolher e tomar a forma do pequeno. Quem não se sentiu de um jeito ou de outro de acordo com as escolhas que fez?
Seguindo por aqui, percebo que não se trata de colocar em oposição a permanência e a contingência do sujeito, mas é uma outra estrutura que percebo - Topográfica. 
Quanto a isto, novamente Carol soube discernir muito bem, e fez Alice andar pelo país das Maravilhas, descrevendo o que via. Segui por aqui, assim como ele, ou como Alice, testemunhando o que via.
Este "Estar" dos sujeitos é um recipiente, em que podemos, em condição de liberdade, escolher a forma.
Sobre isto, lanço uma questão: "Sujeitos ao estar" podem julgar e determinar uns aos outros sobre qual recipiente ocupar? Creio que podem opinar, seduzir, talvez, manipular poderiam, mas julgar ... Julgar efetivamente, não creio. Pois, o recipiente em que o sujeito está não é determinado pelo que está de fora, por vezes nem percebido. 
Apesar de muitos viverem compartimentados, o recipiente que dá forma ao sujeito não é feito de paredes, é que elas não conseguem conter um sujeito.
Além do mais, o todo não se revela num tempo só, e nos compartimentos da casa, estar num tempo em um dos lugares é condição exigida. 
Ouvi isso uma vez, e tendo a concordar, que os que estão de fora podem arrombar uma casa, mas não podem intencionalmente forjar o sujeito do estar. A decisão tem de partir de dentro, e é o coração que se abre para que se possa entrada. 
A prudência é requerida aqui, pois o coração, que também é um órgão perceptivo, pode enganar; como nos enganam os demais sentidos.
Como já dito antes, enquanto há vida, há esperança,ou melhor, há como se mover: esticar ou encolher, apagar o que foi desenhado.
Meu desejo é que cada qual sinta onde está; e cresça o quanto puder; sem medo de se esparramar. Mas, claro, mediante a prudência, ao procurar o lugar do "Um que é GRANDE", que tem poder para unir as partes; Aquele no qual podemos nos perder (e depois achar) sem medo de ser julgado, pois para O Um que é GRANDE" a fé, ao nos lançarmos, nos é imputada por justiça. 
Confiar no que é confiável é justo. 

sábado, 3 de maio de 2014

TOPOGRAFIA DE UM LUGAR EXPERIMENTADO

Já esteve em um lugar que se sabe onde está, mas não se sabe como fez para lá chegar? ... Falo de um lugar sem chão.
Estive lá hoje, pude me expressar, advertir, comunicar, indicando o único caminho, o caminho da vida plena, da vida feliz.
Que são vários os caminhos, isso já se sabe. Mas, sabemos que temos de seguir por um, escolher seguir um único curso. Escolher mais de um é vagar.
A quem hoje falei, há de saber que fui eu, pois eu também sabia saber. Estávamos juntos, numa canoa sem remo. O perigo era eminente, e a face, já bem machucada, expressou estar presente, com olhos bem abertos, desejando não mais sentir dor.
A presença se concretiza quando a percepção da consciência presente se manifesta em conexão.
A topografia das coisas que não se veem, mas se sente, podem manifestar qual o caminho escolhido.
Pois eu grito: "ESCOLHA A BENÇÃO E ESCOLHA A VIDA".
Maldição e morte não servem de nada, só pra fazer sofrer, são um eterno lamento.
Pessoas são preciosas per si, mas há uma que trouxe pra dentro de mim, que ainda que busque a desconexão, para não ser puxada por onde não quero andar, ainda assim, o elo não se desfaz.
Pois venha andar onde estou. Eu escolhi a Benção e a Vida, e não voltarei atrás, pois é nesta escolha que a Felicidade habita.
Venha, não tema, confie.
Ele é o caminho, o melhor dos caminhos possíveis e impossíveis, aos que são seres de transparência. Somos atraídos quando desejamos ardentemente. Os iguais se procuram e se atraem.
Se tem ouvidos, ouça.