sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A SÓLIDA SIMPLICIDADE

Achava que Simplicidade era algo tão diferente do que sei que é, talvez seja por isso que a resistia, e julgava que a complexidade e sofisticação tinham mais charme, eram mais atraentes, por isso flertava com elas. 
Agora sei que o Simples é sinônimo de Necessário, sem o qual não se pode ser, assim como não é possível que seja diferente. 
O Simples não poderia ser hora de um modo e hora de outro. 
Uau!! O Simples não muda. 
Leibniz, aquele alemão inteligente e famoso que o apresentei outro dia, viu a simplicidade de forma interessante, ao descrever as mônadas como substâncias simples, disse que elas não possuem partes. Não é no mínimo instigante?! O que é inviolável, uno, sem partes, pois é realmente íntegro, e quem não gostaria de integridade? ... Para mim é de arrancar suspiros.
Em outro jeito de dizer, o Simples não tem mistura, ele é necessário e de um único modo. 
Foi assim que descobri que gosto do Simples, depois de descobrir quem ele é. Confesso que já gostava do mínimo, acho elegante, como se diz por aí: "O menos é mais", claro que é mais!! Mais elegante, interessante, íntegro ... 
E de fato, o 'muito' me faz enjoar, provoca vertigens, como estar em meio a uma multidão por muito tempo, que não se consegue mais ver a um só. 
Então, comecei a me sentir cada vez mais atraída pelo simples, e passei a preterir a complexidade e a sofisticação.
Dizia eu pra mim mesma: A Simplicidade sim, é pra se enamorar, algo para além da afeição, pois traz consigo um princípio de economia que não nos deixa carregar fardos por aí. Quanta autonomia ela traz consigo ... Impressionante!
Mas, sei que há muitos que não pensam assim, pois por onde costumo andar, ouço nos corredores: "Fim ao paradigma da simplicidade!" 
Mas, penso ainda comigo: Como fim??? ... Se o cosmos se comporta sempre dessa maneira ... Decretaríamos fim às leis que a natureza nos impõe, seria isso? ... Muito confuso ... 
Pois até onde sei, o princípio de economia está espalhado em toda criação, inclusive no corpo de quem a critica ou na alma que se rebela; não é assim? ... Ou é de outro jeito e eu que não estou a saber? ...
Mas aí, exatamente neste ponto, uma outra questão me cutucou as costas: Como saber o que deve ser tirado para que tudo fique Simples?
Pensei rápido: Como toda mudança que é de verdade tem de partir da estrutura mais íntima; bom ... Seria começar pelos alicerces. 
Aí importa a pergunta: O que tem de ficar para que as paredes se mantenham em pé? 
Amor eu sei que faz parte, pois "sem amor, eu nada seria". Quem ama perdoa, pois ele é perdoador. Falar em amor e em perdão é pleonasmo. Logo, o Perdão também está incluído na simplicidade.
Fidelidade e lealdade fazem parte da estabilidade de sua estrutura. Até mesmo porque, o inverso, a infidelidade e a deslealdade são princípios da ingratidão. 
E sendo assim, a Gratidão também é ingrediente indispensável dos alicerces dessa construção, da construção do simples. 
A argamassa pra manter de pé??? ... Fé e a Esperança compõem essa unidade, pois quem faria um projeto e o executaria sem ter Fé e Esperança? Não seria lógico.
Reparando bem, creio que todos esses elementos estão fundidos dentro do que é o Amor, não qualquer amor, como já pensado antes, mas àquele que criou o mundo.
Faz tanto sentido, que ser Simples parece tão simples, quase como saber Amar. E saber amar é simples?? ... Nunca foi. 
Como não me deixei sozinha, eu mesma respondi: Não disse aprender a amar, mas já quando se sabe.
Uau! Que boa companhia para conversar e fazer pensar ... Essa vou aprender.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

AO MEU VER, OSTENTAÇÃO NÃO COMBINA COM PROJETO DE VIDA FELIZ

Somos persuadidos a passar tanto tempo da vida a nos sofisticar, que me pergunto se seria mesmo esse um bom caminho.
Já ouviu falar dos sofistas? "Sofisticação" e "sofistas" não é mera coincidência.
Num dos livros de Platão, de nome Eutidemo, desenha um perfil peculiarmente arguto daqueles sofistas, ao menos foi como os vi, e deixo para os especialistas dizerem se é mesmo assim.
Os sofistas do Eutidemo julgavam serem sábios (como de costume), mas não eram obviamente tolos como Hípias Maior, por exemplo. Tinham fluência no pensar, manipulavam argumentos com habilidade e sabiam articular os sentidos das palavras como os espartanos sabiam manejar as armas, com muita sofisticação. 
Eles também dividiam os combates em uma arena de argumentação: o grupo dos vencedores e o dos vencidos.
Como diria Hegel (e já peço desculpas aos hegelianos, por tomar seu nome em vão), que para que haja um senhor é preciso que um escravo o reconheça como tal.
No entanto, depois de dominar, ainda importa uma pergunta: O que fazer com o dominado? 
No caso dos espartanos, ficar com o espólio de quem foi derrotado parece ser uma finalidade plausível. No do senhor de Hegel, ser servido é um motivo compreensível. Mas, e os sofistas? ... Dá pra entender?!...
Até Sócrates acabou por desistir, e olha que ele era um sujeito teimoso. Foi como se dissesse: Já que o que querem é ter razão, mesmo sem nenhuma verdade, que seja.
Li em algum periódico uma vez: "Academia é o único lugar que se briga por um poder medíocre que de nada serve, se não pra ostentação da vaidade."
Se não for pra chegar a algum lugar, e confesso que o que gosto mesmo é de ir aonde a Verdade está, de que adianta? Andar sem rumo de novo?
Creio que mais do que sofisticação, preciso é de finalidades claras, bem claras. Foco mesmo, que me leve ao lugar onde quero ir. E não sei se a sofisticação tem poder pra tirar do lugar, pra mover, talvez até atrapalhe. 
E pensar que ouvi tantas vezes que a Vida simples é a melhor. O que pode ter me feito duvidar? ... Vaidade, aquela  promíscua sem coração!

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

FOME E SEDE DE JUSTIÇA

"Bem aventurados os que tem fome e sede de justiça, porque eles serão fartos."
Essa promessa não deve ser para os justos, pois esses não devem sentir nem fome, nem sede de Justiça. Já são justos, por que teriam fome e sede? O que me faz pensar: como é possível ser justo? Não digo se sentir, pois sentimento muda e engana, mas me refiro a ser. Como é possível um equilíbrio imparcial que julgue entre riquezas, oportunidades e interesses?
Será que pode haver um ser humano que consiga ser imparcial e que não se importe nem com riquezas, oportunidades e interesses?
Talvez se não forem os meus eu poderia julgar com justiça. O que logo me levaria a crer que eu posso ser justa, em algo que não me diga respeito. 
Mas aí há um empecilho: como seria possível me envolver verdadeiramente com algo que não tenho interesse algum?

Falamos de justiça com tanta propriedade, como se a conhecêssemos.Talvez seja melhor dar um outro nome ao sentimento que achamos ser a Justiça, por ser só um sentimento, como disse antes, e pra não confundir.
Pois, o justo, para ser justo, tem de ser em ação contínua. Não dá pra ser justo só quando se está com vontade, nesse caso, justo não seria. O justo tem de aplicar Justiça seja qual for a circunstância, e também não importa a quem ele a aplica, se não, não poderia exercê-la justamente. Nesse sentido, tenho a impressão de que justo é o que decreta e dá legalidade, o que dá e que julga ser legitimamente apropriado para.  
Lembra da vingança que sempre vem à galope? A vingança não dá, ela toma.
Mas, ainda sobre a Justiça seria pertinente considerar que são tantas as nossas oscilações e mudanças de interesses, oportunidades e dinheiro que vai e que vem, que o que pensamos que seja justiça num dia pode não ser mais no outro. Não é assim que vemos acontecer ao longo dos tempos? 
Os deuses do Olimpo são um bom contra exemplo de Justiça. Mudavam as regras conforme o humor. Aplicavam "o apropriado para" de acordo com o que sentiam no dia, ainda que fosse inveja, ódio, rancor. Davam a cada um não o que lhe era próprio, mas o que era seu, despejando sobre os homens suas desvalias e frustrações. Sei que muitos imperadores, príncipes e governantes, personalidades importantes da História agiram assim, os livros nos contam.
Por isso prefiro a graça, pois ela vem sem nenhuma obrigação. Ela não dá o que é próprio a ninguém, ela presenteia, mesmo sem merecimento algum.
Ao observar e lembrar dos monumentos erguidos à senhora Justiça, que a afiguram muito elegante por sinal e com bela postura, ela é cega?! 
Como, sem ver e discernir, vai saber reconhecer o que é próprio para cada qual dos que a solicitam? Além de cega, ela está com uma espada na mão. Imagina o perigo?! O que me fez lembrar da rainha de Copas de Lewis Carroll, ou melhor, do matemático Charles Lutwidge Dodgson, que não tinha uma espada na mão, mas mandava, por motivos tolos, cortarem as cabeças, sem discernimento algum.
A mim me parece que o que se deve esperar da Justiça é que ela veja, ao menos é o que eu espero, que ela olhe pra mim e julgue minha causa. Vendo, analise minha petição, sem considerar afeição ou repulsa, sem fazer acepção de pessoas, e dê a cada qual o que lhe seja próprio, que me dê se me for próprio. Não seria isso, não é razoável pensar que seja? E, se for assim, quem dos que nasceram com olhos poderiam exercer tal ação continuamente?
Acho que honesto seria reconhecer que para a Justiça não estamos aptos. Temos é fome e sede de justiça, isso sim. 
Depois de pensar sobre a Justiça, acho que existe na terra dos viventes os que sentem e os que dormem. Sendo que esses últimos já não sentem.
Por isso se diz: Não há um justo, nenhum se quer. Não há ninguém que entenda; (...) Todos carecem da Graça de Deus.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

BOM PRUMO E OLHOS QUE ENXERGAM

Pensando com a escrita, pois descobri que assim penso melhor, creio que um bom prumo é o que nos faz ver com bons olhos, é uma referência determinante para enxergar.
Quando falo de enxergar me refiro ao que pode ser, ao melhor possível. Já pensou se nós olhássemos por meio desse melhor? Creio que os que recebessem esse bom olhar repetidas vezes acreditariam ser o que eles expressam. Pois com o olhar ruim é assim que se passa.
Por que será que os pais, que em geral são os que amam, não expressam bom olhar com frequência aos filhos imberbes, lançando-lhes vistas de: "você será o melhor possível". 
E professores? Será que sabem que tanto podem dar vida quanto matar? Que sentido há em decretar uma sentença de "você nunca será nada, não sabe nada e nem vai saber?" Se o que já pensou assim, mas se sente escusado por nunca verbalizar, deve rever, pois os olhos podem dizer o que a boca não disse. Uma sentença assim só pode sair de onde o amor minguou.
Os olhos que veem, mas não enxergam, são tão cruéis em sua maioria. Olham o pior dos mundos possíveis, subestimam em demasia. Como se diz usualmente: "Não enxergam um palmo na frente do nariz". E como se diz a tempos, não pode um cego, um sem prumo, guiar a outro. Ambos caem no buraco, e quem os tira de lá?
Já me guiei pelas piores hipóteses, sei bem o que é ser cego. Quando desejava algo, logo imaginava o que de pior poderia acontecer, então me preparava pra não ter surpresa.
Até que me dei conta, que o pior para o qual me preparava era o que eu dava substância para existir, pois buscava conhecê-lo e quando viesse eu estaria preparada. Já para o melhor nem me vestia.
Onde aprendi essa tolice? Nem sei. Como me deixei persuadir que isso seria de alguma serventia? Só o medo, acompanhado da ignorância, para convencer das coisas mais estúpidas.
De qualquer modo, se o mal que eu temia me sobreveio,  agora que tenho prumo, o Bem que desejo certamente encontrarei. Não só me preparo para ele, como visto a melhor roupa, perfumo a nuca e os punhos e adorno os cabelos. 
Gasto o tempo da mente com as boas vindas e declarações de gratidão ao bem que veio e ao que há de vir. Hão de vir muitos, pois os espero.
Penso entender como a consciência presente pode criar, abre caminhos onde antes não se via. Eles já estavam ali. Quem tem olhos que veem e ouvidos que ouvem encontram sentido no que aprendi.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

A EXCELÊNCIA DO AMOR

"O Amor é sofredor, é benigno; o Amor não é invejoso; o Amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a Verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta. O Amor nunca falha; (...). Agora, pois, permanecem a Fé, a Esperança e o Amor, estes três; mas o maior destes é o Amor".

Que pena que nossa língua bela e inculta só tem um jeito de falar o Amor. Mas, sabemos que há muitos, em variados graus.
Pensemos o profundo, pois o trivial nos acompanha por todo tempo.
Quanto ao Amor profundo, o conceito que Paulo de Tarso expressa é demasiadamente sublime, pois quem se não os anjos amariam assim? Como praticar esse Verbo?
Que tal olhar pra ausência dele? Como seria um ente ou mundo sem Amor?
-"Aaaaaaa ... Seguro que seria um tédio!"
É bem provável que o tédio tenha seus níveis. O que me fez lembrar uma professora brilhante, física teórica, que dizia que só os líquidos possuem níveis.
Gostei de pensar no tédio como um líquido, ou melhor: uma bebida.
Já pensou dizer: "Acordo e logo pela manhã tomo um copo cheio de tédio". Acho que tédio combina mais com o jantar, pois se for bebida, por certo que há de ser uma bebida forte, que entorpeça.
Não entendo muito do assunto, pois poucas vezes o bebi, só o beberiquei, mas não me caiu bem, tenho estômago fraco.
Porém, conheço pessoas dadas a esse hábito, que mesmo pela manhã tomam suas doses. Em uma conversa despida, elas disseram que o tédio profundo é um sentimento de vazio, acompanhado de perda de sentido e importância das coisas. Tudo parece ser igual, da mesma cor, de valor nenhum e provocando a percepção de não ser tocado. É um lugar onde se pergunta: Por quê? Para quê? 
A pergunta é capciosa, pois o que a traz consigo já sabe qual seja a resposta. Depois de tempos ao estar embriagado dessa bebida forte se responde com maior convicção: -"NADA".
Agora que não bebo mesmo. Não me importo de ser abstêmia. Não gosto de sofrer por nada. O que me faz lembrar a famosa frase, que pra muitos não tem sentido algum, confesso que nem pra mim: "O nada nadifica". Mas, sabe que pensando bem, quando se fala de tédio esta frase faz sentido.
Mas no Amor também se sofre. No entanto, por intuição digo que a causa vem de fora, porque o que ama pelas camadas mais profundas de si, ama em liberdade, e a quem ele ama pode sofrer se quiser, inclusive por nada, por coisa nenhuma. Mas, isso dói. Eu sinto lamento, que não tenho nada que ver com isso, imagina ao que ama, ter de ver seu alvo de amor profundo sofrer por nada.
Não é possível que quem pratique esse Verbo, como os anjos devem fazer, sofra de dentro, o Amor profundo é forte, tem raízes como das árvores de tronco robusto, se se corta um galho, continua crescendo com mais vigor e viço. 
E os que têm raiz ficam, todos vão embora, mas o que tem raiz fica. A Fé pode ir, a Esperança não ter mais serventia, mas o Amor profundo fica, ele fica. Quando se compromete e faz aliança ele não desiste, não se desfaz. Inviolável. 
Uau! Então pode existir algo que não mude, que não se desfaça, nem se gaste com o tempo. E onde ele fica? Esse Verbo deve vir de um Reino que não pode ser abalado, e aprendeu a ser assim com quem é de lá.



domingo, 17 de novembro de 2013

SEM O PERDÃO A FELICIDADE NÃO VEM

Tenho certeza de que onde não há Perdão a Felicidade não habita.
Já gastou um tempo pra reparar? 
O comum é nem pensar sobre isso, é achar que o tempo faz esquecer. E, por vezes, faz mesmo, mas isso não pode ser bom. Esqueceu sem limpar o coração. Fica tudo ali, quietinho. Montinhos de entulhos engatilhados, até que um dia se abre a porta e a avalanche vem. O pior é ela vir num momento em que não se está preparado, nem se pode fazer nada.
Uma vida sem peso que é uma Vida Feliz. Simples. 
O que não se perdoa é também o que pode ser chamado de peso, e quão pesado é.
Mas, assim como desenvolvemos nossos músculos para suportar cargas cada vez maiores, e nos acostumamos com elas, assim ocorre com o que não perdoa nem a si, nem a ninguém, e não pensa sobre isso.
Seguro que se acumula lixo, pilhas de duplicatas, acusações, justificativas e culpa, a pesada culpa.
A infelicidade passa a ser um sintoma de que o perdão não está aonde deveria. 
O avaro deve ter mais experiência nisso e poderia explicar melhor, pois apego é seu sobrenome, e para não perdoar tem de ser apegado.
Perdão é o que há de Divino em nós. Creio que é quando a Consciência percebe de onde se veio e para onde se quer ir. Então, se livra do que prende e amarra. Nosso Destino é perdoar. Essa também é nossa natureza. 
O antinatural é ir contra o que somos, resistir, ficar de teimosia, e achar que o que deve não pode ser livre até que ele pague.
Ouvi de uma pessoa preciosa uma vez: 
-"Ninguém tem o direito de impedir o crescimento de ninguém." 
Não perdoar é o mesmo que não querer que o que deve cresça. Mas, se se julga o outro assim, condena a si também. Os dois ficam amarrados.
Por que não perdoar? Existe o imperdoável? Quem ele seria?
Se penso como ele poderia ser, penso logo em cadeias pesadas, que acorrentam e aprisionam a Vida, dificulta ou impede que siga seu Destino.
A ilusão nesse caso é parecer que tudo só poderá ser resolvido, e só se poderá ser feliz, quando a dívida for acertada. 
E se o devedor não quiser, ou puder, pagar? Fica preso pra sempre? Não vai mais crescer? Não vivemos aqui pra sempre.

-"Arranque-lhe os olhos, oras!"

De que adiantará que ele fique sem os olhos, se o credor não poderia enxergar com eles? Não vão servir de nada. Antes serviam.
Então, como deixar esse que me deve ir? Sem que me pague?! Como poderia? Só quem é Divino poderia agir assim.
Então, é possível. 
Seres humanos! Tão brilhantemente humanos. 
Não consegue ver? Só deixar a Luz passar. Não bloquei seu curso. O amor pode servir de lente.
Amor, sei que não se compra, mas se deixa conquistar. 
Amor preenche cada canto, de modo que não se carece mais de execução. Ele vira o rosto de quem o conquista para olhar e ver o que se pode ter e não o que falta.
Não convém colocar sua Vida na mão de quem te deve, não irá cuidar dela, pois, se supõe que nem sabe cuidar de si. Ele não vai poder dar o que se precisa. Poderia pagar a dívida, mas há algumas que não tem como pagar, pois não têm preço, lembra?
Aí, vem a vingança aos galopes. Seguro que a Felicidade não está com ela, tampouco a Misericórdia.
Então, se é a Felicidade que se procura, melhor não procurá-la aí, pois não vai estar.
O Amor é uma boa pista.
Eu conheço quem o tem. 
Peça pra quem tem Amor que ensine como perdoar.

sábado, 16 de novembro de 2013

"SE TEUS OLHOS FOREM BONS, TODO O TEU CORPO TERÁ LUZ"

Relendo a alegoria da caverna de Platão, em que afiguram alguns homens presos em uma caverna, acorrentados pelo pescoço e pernas, que assistem às sombras que se projetam na parede crendo que somente estas são a realidade, e passei a reparar no modo de viver desses acorrentados. Esse é um exemplo adequado de Vida sem Destino. Além disso, prestei atenção no que não havia visto antes.
Sócrates diz:
-"Pensas que, nestas condições, eles tenham visto, 'de si mesmo' e dos outros, algo mais que as sombras projetadas pelo fogo na parede oposta da caverna?"
Uau!! Eles não somente viam as sombras dos que passavam lá fora achando que fossem o mundo que existe de fato, como viam a si mesmos como sombras.  
Mas, claro que tinha de ser assim, pois não tinham Liberdade para olhar, nem para si, nem para os outros, só para frente, acorrentados pelo pescoço, só para as sombras. Que triste! 
Exceto a de Paulo (ou de Pedro? ou dos dois?), que junto a si até sua sombra curava, não consigo pensar em nenhuma outra boa conotação para sombra, a que projeta alguém. 
A Vida é tão cheia de Luz, que é triste pensar que possa haver alguém que só se vê como sombra. Que trágico! Não podiam nem mesmo conhecer a si. Como se amar sem nem poder se conhecer a si, e se não se ama, como ser amado? Lembra que conversamos sobre isso?
Vai ver que esta foi a motivação para que um deles saísse da caverna, deve ter desconfiado e acreditado em ser mais que a sombra, não se contentou com ela e arriscou sair. 
Não tinha nada, só a sombra e arriscou perdê-la. Que corajoso! O mesmo Sócrates já havia advertido, que uma vida irrefletida não vale à pena ser vivida.
E disse ainda Sócrates, depois de falar um bocado sobre essa mesma alegoria:
-"(...) Se, liberta desses pesos, se voltasse para a Verdade, também ela a veria nesses mesmos homens, com a maior clareza, tal como agora vê aquilo para o que está voltada".(A República, Livro VII)
Uau! Ao sair da caverna, além de poder ver a Verdade, ela também o via?! Que Honra! 
Acho mesmo que o universo nos vê, e coopera com os que querem crescer. Deve ser uma lei, como as da aerodinâmica ou as do eletromagnetismo.
Mas, para sair da caverna a subida é íngreme, exige esforço. Além do mais, Sócrates recomenda que se deve livrar do peso. Então, que  peso e que esforço serão, já que se trata de uma alegoria?
"A Liberdade fica gravemente comprometida quando somos impulsionados pela pauta do ego condicionado." (Amit Goswami)
Não faz sentido?
O ego condicionado deve ser o egoísmo fora de idade. Esse deve ser o Mal. Já que é inevitável que sejamos egoístas em um momento da vida, que fique só o tempo que precisar.
O egoísmo na vida adulta prende o pescoço e as pernas, tira a Liberdade e complica a Vida, até colocá-la a perder. Trágico!
A muito está escrito:
"Quem ama sua vida, perdê-la-á." E, perde mesmo!
Para os egoístas, aprisionados em uma caverna, são cortadas as asas da Liberdade, não crescem e nem intentam fazer ninguém crescer. Seus corações são de sombra e não transparecem, e como sair desse lugar de gente que não cresce? Covardia não serve de nada mesmo.
Ao ler o que li, e ver o que vi, é preciso gritar pra mim: 
-"Tiziana, sai para fora!!!" 
Serve pra que não me deixe seduzir pelas promessas de conforto e vida simples que a sombra do egoísmo promete. Essas sombras, as quem andam sem corpo, mentem! Eu sei. Não lhes dou crédito! 
Além de não poderem cumprir o que prometem, elas se instalam, custam a sair, e se for possível, ficam até que seja sorvida a última gota de Vida. 
Desejo pra mim e pra quem me é próximo, e aos da Malásia, que sejamos corajosos.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

O PODER QUE A CRIAÇÃO POSSUI

"Criar é ter acesso aos pensamentos de Deus e dizer, para que se façam visíveis".
Quando se sente preso a um padrão do sempre igual a tentação é de achar que se perdeu o potencial de Criação e não se vê nada de novo. Salomão, o sábio, já tinha dito: "Não há nada de novo debaixo do Sol". Mas, parece razoável pensar que a Percepção é quem foi capturada, pois o novo se perpetua, a Vida se manifesta em novidade contínua. 
Quando a percepção fica presa, o Tédio e a Conformidade tomam conta e assumem o controle.
A boa notícia é que, assim como o Valor, a Criatividade é irrevogável.
Um senhor respeitável, chamado John Briggs, relaciona o processo de criação à percepção de Discernir nuances sutis que existem por trás do trabalho do Universo. 
Se se pode Discernir, estando a percepção Livre, como sentir Tédio? Sempre há o que Discernir. 
O que pode ocorrer é se cansar dessa atividade. Mas, para cansar de ser o que se é, Ser que Discerne, convém perguntar onde se está e como foi parar aí. Esse definitivamente não é seu lugar. Se eu pudesse advertir, diria: "Saia daí, corra ou irá ficar cego de vez."
O imanente e o transcendente partem da Consciência, e a Criatividade é sem se duvidar um fenômeno da Consciência, que, assim como sua matriz, se apresenta em camadas múltiplas e simultâneas de realidades possíveis. Não fui eu quem inventei, já era assim a muito tempo.
Parece que a percepção quem fragmenta essas camadas de realidade, para poder assimilar uma por vez, e as mastiga de vagar.



Provavelmente não dá para ver simultaneamente as figuras (os perfis em branco e a taça em preto). Primeiro um e depois o outro. Um primeiro, depois segundo e ... Organismo implica em Ordem, lembra? 
O Tempo é quem ordena, enquanto o espaço arquiteta e revela a estrutura. Acho que por isso que um sempre está onde outro está, não se separam, tempo e espaço estão entrelaçados com cordas de equilíbrio e harmonia.
Para quê é assim? 
O propósito é percebido por um fenômeno da Consciência, ele dá a direção, diz por onde deve ser o fluxo do contínuo. Por detrás da Criatividade tem intenção. 
Assim como a Bondade, o Propósito anda bem acompanhado e não anda à toa por aí. Sabe de onde veio e também para onde irá. Não parece o Destino? Talvez Propósito e Destino sejam um só. Não sei.
Pode haver alguns que gritem:
- "Não acreditamos em Destino. Acaso, sim. Consciência como princípio organizador, talvez. Mas, acreditar em Transcendência, nunca!"
E ainda:
- "Transcendência não é científico! Se aceitarmos a transcendência seria Impossível, Imprevisível, Incontrolável!"
"Uma mudança na visão de mundo pode mudar o mundo visto." (Joseph Chilton Pierce)


quinta-feira, 14 de novembro de 2013

QUEM JULGA SE FAZ JUIZ

"Tu, porém, quem és que julga o outro?"

Faz algum tempo que busco entender o que é julgar e qual a natureza dessa ação. Talvez todo mundo já saiba, só eu que não. Percebo que julgar exige muito discernimento, coisa que a Filosofia se especializa. 
Vida e Paz a Filosofia não pode dar, mas pra quem quer aprender a ver ela oferece motivações aos baldes, nos pega pela mão e aponta para onde  começa e onde termina um limite no conceito, depois outro e outro ainda, e muitos
Nas primeiras letras vemos os vultos, depois as formas, e vai ficando tudo cada vez mais nítido, até que venha à Luz. Saber é saber discernir, assim como julgar é escolher.
Aprendi tanto ao ver a simplicidade das crianças. Elas não sabem ver Valor, sabem querer, mas ter consciência do quanto vale ... Creio que não. Elas escolhem, sabendo ou não, elas escolhem. E o que parece valer muito para elas são pessoas. Crianças escolhem estar perto de pessoas, parecem gostar muito.
Julgar circunstâncias é lícito e saudável. Olha o que fez o célebre Rei Salomão, sobre o juízo que aplicou ao discernir quem era a verdadeira mãe em uma disputa difícil entre duas mulheres que diziam ser mães de uma mesma criança.
Também há outra situação, além das circunstâncias, devo escolher uma coisa dentre muitas coisas. E, se tenho de escolher, procuro o que for melhor, o que tiver de maior Valor (que nem sempre a que tem maior preço).
Mas, como escolher pessoas?
Pessoas têm valor intrínseco, não se pode colocar preço tampouco se pode comparar em Valor. 
Como dizer que uma forma única de manifestação da Vida vale mais que outra? Que juiz saberia? Seguro que mesmo Salomão não haveria de saber.
Escolhemos pessoas, principalmente as que trazemos pra dentro do eu. Penso que se deve escolher, ser cuidadoso; trazer todas as que se sabe pra dentro de si não parece uma boa ideia, não seria saudável. 
Então, bom é ter como claro que escolhemos pessoas não por valerem mais que outras, pois todas Valem. A Afinidade é que nos ajuda a discernir, pois comunga com o lugar que se está e onde se quer e precisa ir, parece indicar para um lugar comum. Na Afinidade não precisa esforço, combinam e não competem para chegar a um mesmo Destino.
Então entendi qual o juízo que não posso fazer:
Não tenho discernimento pra dizer o quanto vale o 'Muito'. 
Como dizer do Valor da mulher que queria a criança pra si sem ser sua mãe. As mães devem saber disso, e Salomão também, pois limitou-se a entregar o filho para a verdadeira mãe. 
É, ele amou mesmo a Sabedoria, e ela lhe jogou seus baldes. 
Desprezar alguém é negar-lhe o Valor, injusto seria.


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

O VALOR QUE VALE TEM VALOR EM SI

O que de fato vale não tem seu valor fora si, é digno de valor por ser assim, já nasceu com valor, não precisa se esforçar. 
No lugar onde não se vê com os olhos, mas se consegue enxergar, a busca do que tem valor em si é prioridade. Não é assim com todos os que estão vivos e escolhem? 
Quem escolhe o que tem Valor é o que aprendeu e se deixa atrair pelo brilho de sua Luz. Quem iria desprezar ao que tem Valor? Só quem não enxerga, e se é cego fica confuso e corre o risco de apreciar o que é vil. 
O que tem preço pode ser substituído por alguma outra coisa. O que tem valor não. Não há o que ocupe seu lugar, seu valor está dentro de si, o acompanha pra onde for, logo, não se repete, não pode estar dentro de outro. Ainda que quem o detém se mova, não importa, o Valor vai junto com ele, pra onde quer que esse vá.
A Vida se mostra assim, não se repete, aparece de tantos jeitos, sem nenhuma economia de formas e de cores, com tanta habilidade e sempre a se fazer. 
Reparou como a Vida se veste? E os modos com que ela se move? Uau!!!!! Cheia de Dignidade, Garbo e Majestade!
Ela atrai por simpatia, ela combina e não compete, ordena, bendiz, ela é benigna. Tem todo Valor em si.
Me encanto toda vez que penso que a Vida em cada um se manifesta de jeito único, sem precedente nem conseguinte, é rara, sempre uma novidade. 
É o suficiente para concordar que cada um que está vivo possui Valor em si, nasceu assim, e não precisa que ninguém lhe coloque preço, e se um desavisado o fizer será mentira, pura enganação, não convém acreditar.
Já que não há definição para saudade, talvez pudesse dizer assim: 'sentir falta de ver a manifestação da Vida que só aparece de jeito único'.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A GRAÇA

Alguém de valor um dia me disse: 
- “ Ao agradecer, prefiro  a palavra Gracías (espanhol) a que Obrigado (português)." Eu também prefiro. 
Que bonito poder ver como as línguas falam a respeito de como as culturas pensam.
A Graça é uma outra espécie de Beleza, pertence a uma figura movida pela Liberdade. O Senhor Schiller escreveu que "a Graça é uma beleza em movimento, que é produzida por um espírito segundo condições de liberdade". Que é quase o mesmo que dizer que só um espírito livre pode ser grato. 
Não é fácil ser livre, nem mesmo ser grato, pois tem de saber ver o que, de quem e quanto se ganhou, reconhecer o valor de cada coisa e de quem o deu; tem de saber ver com o coração, e este, por sua vez, tem de estar transparente pra enxergar.
Aquele errante, que já foi apresentado, não consegue ver a Graça. Aquele que o Grande Livro do Mundo, como nomeou Descartes, não o deixa ler suas páginas, cerrou-as. Aquele que segue em círculos sem chegar a lugar algum, lembra?  Seu coração acredita que tem Direitos, achando que o Mundo lhe deve. Então, tudo que recebe não julga ser de Graça, mas ser Direito, acha que o Mundo só o estaria restituindo, e numa restituição sem fim. Ai, ai ... Pra esse muitos 'Ais' são necessários. Não se dá conta de que é pobre, cego e nu, como todos os que são de carne e osso, e ainda busca a arrogância?! Que mais de ruim seguirá buscando nesse eterno retorno?!
Tudo que se recebe não vem de outro lugar se não da Graça. Pensando assim, então prefiro a Misericórdia a que a Justiça. 
A Justiça é Boa, sem dúvida, mas a Misericórdia aumenta o tempo, e quem sabe, nesse tempo, o Arrependimento é gerado. Deixe o pobre ir sem que agradeça, e que aprenda a contar os dias. Não o julgo, nem posso, só o observo pra aprender com seus erros.
O que sei é que a Graça é uma dádiva gratuita que não espera retribuição. Não é linda?! Que beleza profunda! Isso que é glorioso, dar sem que se lhe dê. Ela não cria expectativas, não espera nada, nem pede emprestado, só dá, se dá, se doa ... Que afortunados os que recebem dela e conseguem ver sua Beleza, e que podem dar gracías
Contemplo sua Beleza, sei ver de onde vem, quem me oferece, mas estava aprendendo ainda a como recebê-la, pois o Orgulho endurece, faz criar uma capa que protege, inclusive da Graça ... Que pena.  
Enquanto achava precisar da proteção do orgulho, ela me dava presentes sem eu me dar conta e me esperava até que aprendesse que o orgulho transforma corações de carne em pedra. Isso mesmo, ela aguardava, acredita? Não é Divina?! Ela esperava por mim, até que estivesse pronta pra recebê-la. Por vezes sussurrava em meu ouvido, com voz de veludo, como uma brisa:  - "Do que você tem medo"? 
Gandhi disse sabiamente, como lhe era de costume, que o medo pode até ter alguma utilidade, a covardia é que não.




"O QUE SE COMPRA COM DINHEIRO SAI BARATO"

Uma amiga falou isso uma vez e não esqueci mais: "O que se compra com dinheiro sai barato!"  Ela tem razão.
Há um outro dito também: "Uma pessoa era tão pobre, mas tão pobre, que só tinha dinheiro". E não é pobre demais um sujeito assim? Se se vai o dinheiro, o que não é difícil, o que há de sobrar? "Porque onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração".
Gastar a vida pra correr atrás de dinheiro não faz sentido. Ingênuo pensar que se tenha vistas só pra ele, sei que o desejo está no que ele parece trazer consigo: fama, prestígio, respeito, luxo, conforto, segurança, honra ... Mas, será que traz mesmo? Não creio que tenham substância, que sejam de verdade, só parecem ser. Por exemplo, que honra pode ter alguém que só tem dinheiro? Pois veja só, quem vive a cultivar e cultuar o dinheiro não tem tempo para cultivar o que de fato tem valor, o que demanda zelo, cultivo do querer, do interesse, e do esforço. Gastar a vida só a pensar em como manter o dinheiro por perto é cultivar desilusão e mentira. 
É razoável pensar que aquele que ama o dinheiro atrairá os que lhe parecem, e esses, que se procuram por serem de mesma frequência, passarão a  dissimular, e falarão o que se quer ouvir (não o que é verdadeiro), pra agradar e, assim, usufruir do que pode ser tirado. Bem que se diz: "Um abismo chama outro abismo".
Mas, se esse, o que corre atrás do dinheiro, não consegue desejar nada melhor pra si, talvez seja mesmo um desafortunado não tenha fé em um Destino, ou simplesmente o ignora. A Natureza conhece o Respeito, mas o dinheiro não. Esse pobre não tem lugar nela, o Cosmos não sabe seu nome, por isso o rejeita. 'Inadequação' passa a ser seu nome, e seu sobrenome: 'Desconforto'. 
Se não há Destino, como sair do lugar, se sai é pra andar em círculos, nem sabe o que é ser livre, muito menos tem consciência de onde está. Um errante. 
Saber quem é? Não pode, pois se contenta com o que dizem a seu respeito, ainda que no íntimo saiba não ser verdade. Porém, felizmente há o dito: "Enquanto há vida, há esperança". Que bom! Quantas chances há! Só saber contar os dias.
Mas, o que me espanta nisso tudo é como se pode gostar mais da ilusão a que da Verdade? Não consigo entender. Por que arriscar perder o Destino investindo em ilusão?
São muitos os que rejeitam a Verdade, correm dela; e de que adianta correr? "Não há nada que esteja oculto que não possa vir a ser revelado". 
Acredita que pensamentos não são privados? Pois é, eles 'vazam' pelo rosto, poros, pelas escolhas, pelas ações. Os que se colocam contra a Verdade provavelmente são maus leitores, por isso ainda se iludem ao pensar que existe um lugar do fazer escondido.
Os que compreendem e tem entendimento, olhos que veem e ouvidos que ouvem, sabem. "Tudo que em trevas disseste, à luz será ouvido".
Além do mais, há tantos motivos pra desejá-la; a Verdade liberta, desacorrenta, pra que se possa seguir o Destino. Já ouviu? 
- "Conhecereis a Verdade e ela vos libertará."
É bom conhecer a Verdade pra saber onde se está, e quem se há de ser. Bom saber o Destino pra saber onde se irá, pra ser quem se é, dia a dia, semana a semana, mês a mês, ano a ano ... Isso sim custa, e vale à pena pagar. Mas, nem é com dinheiro que se pode comprar, com dinheiro só se compra o que é barato.

domingo, 10 de novembro de 2013

LIBERDADE É SEGUIR O DESTINO

O que se fala por aí é de tudo tão líquido que toma a forma que for. Será que por isso o Destino saiu de cena, e não acreditamos mais nele? Destino não parece ser líquido, já tem sua forma, nós que nos adaptamos. Não é assim?  
E quem disse que não há solidez e coisas que não mudam? Há tantos os estados das coisas, quanto os Destinos delas, e não um só. 
Mas, de princípios é feito o Mundo. Os mundos podem ser possíveis, mas cada qual dos mundos possíveis tem seus princípios que se repetem numa regularidade contínua. A regularidade se comunica conosco, nos orienta. Tem que querer ver, aprender e buscar ver. Ordem: Um primeiro, um segundo, o terceiro.
O "Destino é a adaptação perfeita de cada indivíduo ao seu lugar, impulsionado pela ordem do mundo, que exerce sobre cada um de seus seres singulares, com uma necessidade (...), por ser ele parte da ordem total." (Nicola Abbgnano)
O mundo, o cosmos sabe, ele segue seu Destino, segue seu fim. Onde fica esse fim? O fim pode ser o contínuo, quando se alcança um fim se tem outro pela frente, aí o fim é um outro começo. Nosso tempo é tão breve que quase não vemos fim algum. Eles podem estar sobrepostos. Mas, pra nós a morte coloca tempo e dá um fim. Como dizia uma tia: "E para lá, todos nós vamos indo".
Estou persuadida de que o Destino deve ser buscado, para que seja conhecido e não ignorado. Ele está escrito em algum lugar, ou mais de um, pois quer algo que deva ser mais claro e conhecido que nosso próprio Destino? Se não se escolhe, se se tem preguiça, e dá pra que outro escolha, as consequências sempre são de quem a deu. É uma bobagem achar que ignorância protege, arruína isso sim. Ser mais uma vida como tantas sem saber de seu Destino, a mim não interessa. 
Penso que a Liberdade só é de verdade se servir pra buscar e encontrar o próprio Destino. Já tive essa sensação algumas vezes de sentir estar no lugar certo, na hora certa. Neste momento olhei pro meu Destino e ele me fitou como quem diz: Está certa, é por aqui. Corro atrás de um novo encontro, até que consiga acompanhar seu passos, aí não o deixo mais.
O engano pode ser forte como as tempestades e devasta tanto quanto ou mais que. Talvez por isso que se diz, que "bem-aventurados os mansos porque herdarão a terra". Tem que ser manso pra esperar pra entender, viver o processo do conhecer. Se não, vem o engano, se disfarça de Destino e arruína tudo. Acho que por isso que gosto de bons processos. Melhor que chegar lá é desfrutar o caminho, pois ao longo dele que se vai conhecendo.
Não me parece que achar que se pode torcer as forças da natureza, mudar seu curso, seja parte do ser livre. Se ressente ela conosco e nós ainda mais. Já ouviu alguém dizer?  - "Todos me devem, o mundo me deve!!" Isso também é tolice. Nascemos nus.
Inteligência tem a ver com adaptação, ao menos é o que dizem os que sabem. Se ignoramos a inteligência nos distanciamos de nosso Destino, da liberdade de ser quem na essência se é, ou alguém duvida que somos inteligentes? Talvez uns deixam de querer ser, e aí a morte escuta, se aproveita e os absorve.
O desequilíbrio e a desordem também nos mostram o quão distantes podemos estar da Liberdade e do Destino, o medo e a dúvida também, como já pensamos. 
Livre pra ser quem se é, e livre pra conhecer seu Destino e seguir com ele. Só precisa ter cuidado pois são muitas as vozes a dizer quem somos e qual nosso Destino. 
"Simples como as pombas e astutos como as serpentes."

sábado, 9 de novembro de 2013

O PERFUME DA PAZ

Agora eu sei. Perguntei, e entendi.
A força que sustenta o equilíbrio e a ordem (que só consigo ver quando não estou a pensar que sou eu quem me esforço) se chama Paz. 
Por sua vez, ela tem seu alicerce em uma pedra sólida, firme, que não muda de lugar, na Pedra Angular. 
Onde a Paz entra os agentes de desordem e desequilíbrio saem. Eles não vivem no mesmo lugar, não podem.
A Paz é perfume da força da Luz, e assim como quando a luz chega o escuro perde a substância, o medo e a dúvida se comportam desse mesmo modo.
Eu sei sentir o cheiro da Paz. Sentimos o cheiro quando há presença, e a presença da Paz é sempre bem vinda, é desejável. 
Há um cheiro que sinto saudade, que desejo que tenha sempre paz.
Também a pouco entendi que não tinha de esperar que a Paz se reconciliasse comigo, pois ela nunca brigou, eu quem a rejeitei. 
Até que entendi, que eu tinha de persegui-la, pois fui pra longe. Onde ela estiver é aonde quero estar. 
Por um bom tempo fiz mau juízo dela, achei que a Paz fosse frágil, que um vento poderia tirá-la do lugar, por isso achei que eu pudesse ser mais forte, que eu é quem iria protegê-la. 
Como passei a duvidar da força da Paz, achando que fosse frágil, comecei a ouvir a voz do medo, que dizia sempre: "Você vai perdê-la. Ela está indo embora, vai te deixar."
 Então me esforcei ainda mais. Descuidei de lhe dar honras, atenção, de olhar pro seu rosto e sentir o seu cheiro, e me distraí comigo, no esforço que fazia para ficar perto, porém fui indo sem sentir, como na vertigem, cada dia pra mais longe.
Foi nesse dia que eu caí, sem poder ver, abracei o medo ao depender de minha força pra equilibrar. Claro que com o medo não se pode contar, o cheiro dele é repugnante, até os cachorros sabem e rejeitam, tornam-se violentos quando sentem.
Quando me dei conta, não sabia mais voltar, e então chorei. Achei que tivesse perdido tudo quando achei ter perdido a Paz. 
Pensei não poder sentir mais aquele prazer genuíno que ela traz consigo de presente.
Aí, lembrei! Lembrei do lugar onde ela mora, e fui correndo pra lá. 
Ela me recebeu com sorriso, me reconheceu, pois falou o meu nome, também me deu um presente novo, colocou um anel em meu dedo. 
O perfume dela está impregnado em mim, assim como acontece com quem se abraça demorado.


quinta-feira, 7 de novembro de 2013

"SOMOS SERES DE EQUEILÍBRIO"

Em meio uma exposição em um grupo de pesquisa, sobre a teoria do desenvolvimento cognitivo proposta por Piaget, o colega que estava coordenando o grupo expressou: "Somos seres de equilíbrio".
Uauuu!! ... É isso!! Somos seres de equilíbrio! Isso explica tanto! Faz sentido!
Qualquer coisa que ameace o equilíbrio poderia ser chamada de agente de desequilíbrio.
Dúvida é um agente de desequilíbrio.
O filósofo Charles S. Peirce falava sobre isso, sobre a necessidade de superação do estado que se chama 'dúvida', que é desconfortável e irritante. Acho que o Peirce poderia ter concordado, em chamar a Dúvida de agente de desequilíbrio.
Mas, antes dele ainda, Descartes também falou sobre a Dúvida, por desejar e buscar uma crença indubitável, que não pudesse ser violada. Porém, parece que foi Aristóteles o primeiro a descrever a Dúvida: "Quando raciocinamos em ambas as direções e todos os elementos do discurso parecem desenvolver-se com igual validade em cada um dos dois sentidos, ficamos em dúvida sobre o que fazer".
Sabe o que me fez pensar? Que a dúvida parece parar o movimento, o esforço de mover-se em direção a. Será que dúvida e medo estão relacionados, pois ambos possuem essa característica de segurar em um lugar.
Pensando assim, acho que não sei bem o que significa estar em equilíbrio, pois julgava haver nele uma estabilidade confortável, um repouso sereno e absoluto. Equilíbrio não deve ter a ver com o que penso ser repouso mesmo.
Equilibrar demanda esforço, e o que está em repouso não precisa se esforçar, já encontrou seu lugar.
Gosto dos que sabem qual o lugar que lhes é próprio. Eles têm foco, se não chegaram ainda, em algum momento chegarão.
Pensei também Naquele que não muda nunca, sempre É, que não há sombra de variação. A Esse eu reverencio e venero, disponho-me por completo, por amor, por intenso e grato amor.
Esse mesmo colega, depois de falar sobre sermos seres de equilíbrio, continuou dizendo:
"Organismo implica em organização que implica em ordem. Então, por sermos "organismo" não suportamos a desorganização, lutamos contra ela."
Uaauuu!!! ... Lutamos contra ela!!
Então, quer dizer que a desorganização e o desequilíbrio estão juntos ... Interessante ... Bom saber.




quarta-feira, 6 de novembro de 2013

NOSSA NATUREZA É CRESCER

"(...) A massa maneja o espaço ensinando-o como curvar-se; o espaço maneja a massa ensinando-a como mover-se". (Brian Greene, O Universo elegante).

O mundo está cheio de tanta excelência!
Gosto de aprender, e de ensinar, a ver. Se aprendemos a dar valor ao que de fato é precioso, conseguimos ver tudo, como se o olhar crescesse. Olhar crescido vem costurado com a consciência expandida. Com consciência expandida o espaço se estica, e, por conseguinte, o espaço aumentando, temos mais no que nos mover, e tendo mais aonde ir, mais o que olhar, mais liberdade. Não? Parece ser assim.
Se for assim, por que tantas são as resistências pra crescer, pra não aprender, e nem ensinar, o que tem valor. Camadas e mais camadas de sólida resistência. Por que negar nossa própria natureza? Que tolice.
Crescer dói, eu sinto. Mas, é uma dor que vale muito a pena ser sentida, se for pra crescer. Já ouviu o provérbio que diz: "as cicatrizes são remédio para o mal e curam o mais profundo das feridas"?
E por que negar, brigar, rejeitar e ofender a dor? Uma pergunta melhor pode ser feita: Qual dor que deve receber esse tratamento?
Por que sofrer por sofrer, só pra sentir a dor, não faz sentido. A dor não é algo desejável, mas também é inevitável. Confesso que em geral ela não me parece nem boa, nem má, talvez ela seja cheia de indiferença, não se compadeça muito. Ou, pensando melhor, há uma que seja cheia de amor, por isso grita: CUIDADO! Então passa a ser importante saber quais as que avisam e quais as que não servem de nada.
Só pra expressar, nada à toa me atrai de verdade. Dor à toa??? Pra quê??
Comecemos por pensar em algumas delas, aquela dor que exagera, que não amadurece e nem toma seu rumo. Essa não me cai bem.
Agora ... Aquela dor que avisa, que se interessa em que tudo fique vivo, ela só pode ser minha amiga, ela ensina quando nem quero aprender.
Fazemos cada loucura, violando nossa própria natureza, que é crescer, emudecendo a dor que ajuda.
Costumo falar para meus alunos, pois havia ouvido também, que pra saber se uma cidade está crescendo, o número de livrarias tem que ser bem maior ao número de farmácias.
Quando digo isso, eles me olham com expressão intrigada, como quem diz: "Mas, o que tem a ver um com o outro e com o crescimento?!"
Tomar remédio sem saber por que se toma é um veneno, além de colocar o corpo em risco, pode matar num gole o que é mais delicado, a consciência.
Por exemplo, faz sentido tomar remédio para dor de cabeça quando  não se sabe porquê ela dói, sem ouvir suas razões?
- "Não quero que me amole, que me aborreça, já tive um dia muito cheio de chateações".
Estou persuadida de que não falar, não se expressar, não se comunicar (e estes elementos fazem parte do universo da intimidade) tem a ver com não crescer.
A massa fala para o espaço como ele deve fazer, como se render, não oferecer resistência, antes da dor avisá-lo. E o espaço, gentil que só, explica docemente à massa como mover-se junto com ele.
Que Universo elegante!!!
Uma cidade com livrarias cresce mesmo, pois os livros falam pra quem o som da voz não alcançou.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

A ANELADA FELICIDADE

Todo mundo correndo atrás da felicidade. Isso parece justificar tudo. Mas, será que se sabe pra onde está correndo, onde ela está? Seria bom ter algumas pistas, ao menos pra não correr em vão.
- Por que você fez isso fulano!?
- Por que quero ser feliz! Que óbvio!
Nada óbvio ...
Como correr atrás de que não se sabe bem quem é, e nem onde habita?
Quem é que sabe? Quem viu dona Felicidade, se sentou com ela e a conheceu?
Ouvi falar que na cultura grega clássica só se sabia se alguém tinha sido agraciado com a companhia da Felicidade ao analisar toda sua vida.
Então, se for assim, Felicidade e Paciência têm algum parentesco.
Mas, sempre que ouço "tenha paciência" parece que fico mais distante dela.
Por isso que gosto da Mansidão, essa eu me sinto atraída. Gosto do rosto da Mansidão.
Mas, os gregos tinham costumes e jeito de pensar, valorar, tão diferentes do agora.
"Agora" tem tudo a ver com hoje.
- Quero isso AGORA.
- Faça isso AGORA.
- Se não for AGORA ...
Esperar a vida toda pra saber se se foi feliz??? Não parece nada razoável, né!?? Quem daria crédito para quem defendesse essa ideia?
Não se tem que esperar, tem que agir, buscar, correr atrás dela, força-la a aparecer; e ela tem que me servir, oras!! Não vou cortejá-la, nem quero conhecê-la, quero só que me sirva. É pedir muito??? É o mínimo!!! Posso pagar se for preciso!
Aonde essa elegante senhora está? Ela não precisa que ninguém lhe pague, ela não carece. Não creio que se deixe forçar, ou que seja persuadida a servir quem não escolheu, quem não deseja ter por perto. Convenhamos que há alguns que ninguém quer estar perto. São difíceis, indóceis, cruéis e violentos também. Povo sem naturalidade, maturidade, tudo querem forçar, e querem AGORA. Se impõem por violência e não por cortesia. E quando muito falseiam a sinceridade, dissimulam e se fazem passar por gente de boa fé. Quem se agrada de ficar perto de um tipo assim?
Creio que ela, a Felicidade, anda bem acompanhada, não anda com qualquer um, não se mostra vulgar e levianamente, como convém aos que são elegantes. Ela é agradável, desejável, se une aos seus pares, claro!!
Sem dúvida que o Egoísmo ela rejeita . O Egoísmo é de poucos amigos mesmo, não se dá com ninguém.
O Medo então ... Nem vive, está sempre paralisado, não sai do lugar, não cresce. Quando sai é pra fugir. Como ter amizade com quem foge? Eu bem que quero não fugir. Amizades são preciosas.
O Amor, com toda sua dignidade, é amigo dela, da Felicidade.
A Sabedoria também tem muito prestígio, devem se frequentar, conhecem-se intimamente, certeza.
A bondade também deve ir aos mesmos lugares, mas pouco dá pra se ver (muitos que tem olhos não vêem), pois ela também é seleta, só aparece para os de coração grande, os gratos. Ela não anda à toa e nem sem rumo, regateando por aí. Frequenta lugares que reconhecem seu valor, sem dúvida.
Uma coisa é certa, a Felicidade não anda sozinha, anda bem acompanhada.
Quem se contenta com o AGORA, não vai conhecê-la, nem ter intimidade com ela.
Precisa-se de anos para que seja gerada a confiança, a maturidade, a segurança, a sabedoria, o saber ver e saber ouvir, saber separar o que tem valor do que não tem valor, aprender a amar.
A Felicidade não é qualquer uma.

QUEM NÃO QUER SER AMADO?

Medo de morrer? ... Não tenho. A morte não se conecta comigo, e nem me atrai. 
A morte só mata corpos.
Acredito que o corpo é um sistema complexo e bem robusto, que tem uma inteligência própria.
Ainda bem que é assim. 
O corpo pensa, o corpo ensina.
O corpo foi feito para funcionar, logo ele é bom nisso; só que, vai entender  -  caminha para a morte, para a dissolução.
Refiro-me a este corpo mesmo, o de carne e osso. 
De qualquer modo, acho que o corpo sabe se adaptar muito bem a grandes adversidades e agressões.
Já que falamos em corpo, que corpo que não é bonito? 
Só não percebe isso quem não sabe o que é beleza. 
A diversidade de forma realça ainda mais as muitas belezas.
Há tantos detalhes, tanta riqueza, tantas coisas pra ver, pra reparar.
O que gosto no corpo, e bom de botar reparo, é o nariz.
Nariz de um, nariz de outro, nariz do 'fulano' alí, do outro acolá. Como escolher um mais bonito? 
São tantos, tantos quantos quantas gentes são.
Já escutou Bocage? "Nariz, nariz, nariz ... Nariz que nunca se acaba. Nariz que se ele desaba, faria o mundo infeliz (...)".
E se alguém achar feio tudo?? E se a maioria achar feio? E se todos acharem feio? E se eu achar feio??? ...
Se eu achar feio, não sobra ninguém. Mas, por que vou achar feio? Prestei bastante atenção? Conheci bem?
Não poderia ser que alguém mentiu ou se equivocou, ou não sabe conhecer beleza?
E convenhamos que a maioria não sabe, não tem paciência pra reparar, pra ler as linhas, a cor, as formas, contrastes, o quanto a luz faz mudar tudo, traz um outro corpo.
Ou ainda,alguém que por não gostar de si passou a não gostar de mim.
Quantas gentes não gostam de si?
Pior que nunca ser amado por alguém é não ser amado por si. Aí, a alma amarga dum jeito que morre. Essa é a morte que dá medo.
Se se morre assim, nem se ama, muito menos se é amado.  E quando digo amor, estou falando daquele amor em que o deboche, descuido e o relaxo não têm lugar. Sabe o amor que acolhe, que traz pra dentro de si, aceita, repara os detalhes, acha lindo e cuida?
Só um poderia amar e ensinar a amar assim. Aquele que diz e mostra que uma vida vale mais que o mundo inteiro. Assim sim, se fica bem acostumado, e não é qualquer amor que se pode aceitar depois.