segunda-feira, 4 de maio de 2015

TIRAR A CASCA PARA VER A BELEZA

Recipientes ... Parece platônico?
Recipientes sim. Sei que logo se pensa em corpo, e o corpo é recipiente autônomo, se expressa, tem vontade e tem desejo de viver. 
Um recipiente que tem vida, e que se confunde com o que recebe em si, tem a habilidade de obliterar.
Obstruir, obliterar, impedir, conter e deter. Não me detenha.
Formas em geral são recipientes; como não seriam, se delimita o espaço. Nele aparece o limite do que foi formatado.
Recipiente não é algo banal; leviandade é pensar que seja. 
Há recipientes preciosos, cheios de beleza e delicadeza.
Há também os que são tão frágeis, sem o saber, que se rompem antes do tempo.
Não despreze o que recebe em si, pensando ser só um recipiente ...
Das coisas que tem matéria, o que não é recipiente poderia receber?
Na severidade há o fechamento, a rispidez, não menos necessária para o equilíbrio da vida. Severidade será que é salpicada com sal?
No amor, o doce se pode sentir.
Doces podem ser as palavras, os sentimentos, os sentidos, as formas doces, os juízos doces, a beleza doce. 
Quando o paladar se habitua, o doce pode parecer banal, assim como o recipiente.
Beleza de recipientes há de muitos modos, só olhar para a forma e ver se traz consigo sabor de doce. 
Nos outros gostos deve haver também beleza, mas de um outro modo de ser.
O tempero do doce é de relaxar os músculos, equilibrar a forma e revelar a simplicidade do que é belo sem casca.
A casca oblitera os olhos, e só os olhos podem ver beleza. Outros sentidos veem doçura.
Caia a casca que cobria as pálpebras. Olhos não foram feitos para serem obliterados. Creio que por isso gosto das transparências, das mais translúcidas.
Há o dia, e está perto, que não será necessário dormir, encobrir com pálpebra o que pode estar desperto, e sem tensão ... Doce ... Doce.
No doce, o 'e' demora para terminar. Depois de um tempão é que vem o silêncio. Na boca, talvez não demore para se dissipar.
Hoje estive lá, em um jardim. Busquei pelo meu, o amado de minha alma, o que me tempera com mel, me dá palavras que na boca são doces e no ventre mudam. Não entendo isso bem.
Um dia irei saber ...
Como é belo o doce do teu amor.

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