domingo, 1 de dezembro de 2013

A QUESTÃO DA IDENTIDADE

Por um tempo, e num tempo que ficou pra trás, passei a me perguntar, de repente, assim mesmo, de um dia para o outro: Se tenho Identidade sou idêntica ... Idêntica a quem? ...
Naquele tempo do atrás, não achei resposta, e um pouco mais adiante passei a perguntar de novo. 
Já ouvia a Filosofia dizer, que cada qual é aquilo que é. Mas, saber que é não me parecia o suficiente, a questão era saber o que se é.
Aquele alemão de que falei, o inteligente e famoso, Leibniz, tocou nesse assunto, e escreveu: "Tudo aquilo que é é; e: É impossível que uma coisa seja e não seja ao mesmo tempo". (Ensaio, I, 1, 4)
Sabe; por mais que eu simpatize com esse senhor e o julgue magnânimo, essa sua definição não me ajudou muito, ao menos não para saber o que queria. 
Não serve dizer que o ente é ente, isso é demasiado tautológico. Pois, como se sabe, do que é tautológico não se tira novidade alguma, e eu queria aprender.
Com Baumgarten, um outro alemão, encontrei uma pista:  Identidade está relacionada ao "Absolutamente Primeiro". Aí que não parei mais de pensar, e fui seguindo. Bem que lembrei que somos seres de Ordem, e não tinha como não lembrar. 
Meu pensamento gritou: Nossa!! Identidade vem de um Absolutamente Primeiro!! 
Depois da euforia, pensei que não deveria ser uma surpresa, pois também o mundo não começou assim, de um Primeiro?
Voltei a ouvir o Leibniz, para ver se colhia alguma outra pista, e como ele é da classe dos homens que escrevem coisas que perduram, claro que não ira me decepcionar. 
Ele falava de algo que leva o nome, que parece de poema, de Identidade dos indiscerníveis. Se o ouvi bem, quer dizer que os objetos podem ser idênticos quanto a suas propriedades externas, mas, onde não se pode ver, internamente, não seriam idênticos. E ele continuou dizendo que deve haver uma razão suficiente que explique o motivo dessa diferença intrínseca, para que os que parecem ser idênticos, não seja assim, mas sejam únicos. Ele não disse o que os idênticos são, mas passei a prestar atenção em outro algo, na diferença que não se pode ver.
Aí, mudei a rota, pois passei a pensar que não poderia ver o mundo com o olho do outro, nem poderia saber o que se passa por dentro de quem não me diz como se sente. 
Como saber o que se passou, como se chegou até onde se está e como se sentiu até chegar ali?
Creio ser esse um bom caminho para o perdão, pois quando se entende, compreende o trajeto e o sentir de cada qual, julgar não faz mais sentido, e o outro poderia vir a ser o contínuo do que eu não posso ser, ser o que não vivi, nem mesmo vi ou senti. 
A partir de então, saber quem sou, idêntica a quem, deixou de ter importância, e passei a gostar mais de saber do vivido de cada qual, pois entendi que tinham a ver comigo.
Dali só se seguiu uma consequência, que foi pensar que o eu não é do tamanho que eu pensava, ele é muito maior, é feito de muitos, é feito das vidas que não vivi, é feito de nós. Se for assim, já estou satisfeita e não me importa perguntar mais sobre isso. Entendi.

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