sábado, 9 de novembro de 2013

O PERFUME DA PAZ

Agora eu sei. Perguntei, e entendi.
A força que sustenta o equilíbrio e a ordem (que só consigo ver quando não estou a pensar que sou eu quem me esforço) se chama Paz. 
Por sua vez, ela tem seu alicerce em uma pedra sólida, firme, que não muda de lugar, na Pedra Angular. 
Onde a Paz entra os agentes de desordem e desequilíbrio saem. Eles não vivem no mesmo lugar, não podem.
A Paz é perfume da força da Luz, e assim como quando a luz chega o escuro perde a substância, o medo e a dúvida se comportam desse mesmo modo.
Eu sei sentir o cheiro da Paz. Sentimos o cheiro quando há presença, e a presença da Paz é sempre bem vinda, é desejável. 
Há um cheiro que sinto saudade, que desejo que tenha sempre paz.
Também a pouco entendi que não tinha de esperar que a Paz se reconciliasse comigo, pois ela nunca brigou, eu quem a rejeitei. 
Até que entendi, que eu tinha de persegui-la, pois fui pra longe. Onde ela estiver é aonde quero estar. 
Por um bom tempo fiz mau juízo dela, achei que a Paz fosse frágil, que um vento poderia tirá-la do lugar, por isso achei que eu pudesse ser mais forte, que eu é quem iria protegê-la. 
Como passei a duvidar da força da Paz, achando que fosse frágil, comecei a ouvir a voz do medo, que dizia sempre: "Você vai perdê-la. Ela está indo embora, vai te deixar."
 Então me esforcei ainda mais. Descuidei de lhe dar honras, atenção, de olhar pro seu rosto e sentir o seu cheiro, e me distraí comigo, no esforço que fazia para ficar perto, porém fui indo sem sentir, como na vertigem, cada dia pra mais longe.
Foi nesse dia que eu caí, sem poder ver, abracei o medo ao depender de minha força pra equilibrar. Claro que com o medo não se pode contar, o cheiro dele é repugnante, até os cachorros sabem e rejeitam, tornam-se violentos quando sentem.
Quando me dei conta, não sabia mais voltar, e então chorei. Achei que tivesse perdido tudo quando achei ter perdido a Paz. 
Pensei não poder sentir mais aquele prazer genuíno que ela traz consigo de presente.
Aí, lembrei! Lembrei do lugar onde ela mora, e fui correndo pra lá. 
Ela me recebeu com sorriso, me reconheceu, pois falou o meu nome, também me deu um presente novo, colocou um anel em meu dedo. 
O perfume dela está impregnado em mim, assim como acontece com quem se abraça demorado.